segunda-feira, 8 de junho de 2020

O HOMEM RACIONAL.

René Descartes


O MÉTODO CARTESIANO

O método cartesiano, O Discurso do Método, “boa distribuição da razão entre os seres humanos”, o método de Descartes, método da dúvida: a dúvida metódica ou dúvida cartesiana, o método da dúvida.
Ora, ao começarmos a ler o Discurso do Método poderemos facilmente ser iludidos a pensar que o assunto sobre o qual trata o autor seja a razão (bom senso) ou o fato de ela estar bem distribuída entre os seres humanos. Isso não seria algo de outro mundo, pois estamos acostumados a ler e escrever redações guiando-nos desde o começo exatamente pela primeira frase da introdução: o tópico frasal. Entretanto, não podemos proceder assim com o Discurso do Método, pois com uma leitura mais atenta poderemos concluir que, embora o tópico frasal nos proponha a “boa distribuição da razão entre os seres humanos”, essa não é a tese do autor nesse texto. O que será então?
Pois bem, antes de tratarmos sobre o tema do texto de Descartes, vamos analisar algumas noções-chave que, identificadas, nos ajudarão a entender também a tese que quer nos propor o Discurso.
Primeiramente, debrucemo-nos sobre o próprio conceito de razão, que é nossa primeira ilusão a respeito do que venha a ser o tema da obra. Razão, que Descartes identifica com bom senso é “o poder de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso”, como ele mesmo define. Ora, se esse fosse mesmo o tema do texto seria grande incoerência do autor simplesmente mudar de assunto na metade do parágrafo.
O método de Descartes é o método da dúvida: a dúvida metódica ou dúvida cartesiana. Para a razão bem funcionar, é necessário limpar o terreno da mente de todo preconceito, é preciso, num primeiro momento duvidar de tudo, principalmente o que já se tem estabelecido como verdade absoluta. A partir de então, devem-se buscar verdades elementares, verdades que se bastem a si, e não precisem de outras verdades precedentes. Pois, duvidando de tudo, aquilo que conseguir se estabelecer como verdade depois disso, ter necessariamente que ser uma verdade absoluta. O que se quer com esse método é a garantia de idéias claras e distintas.
Descartes resume a Lógica e enumera apenas quatro regras, quatro passos a serem dados no caminho de seu método:
“O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção. E de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”.
O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las.
O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.
E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir.
É a isso que se propõe, portanto, o autor. Seguir um passo de cada vez, por menor que seja o passo. Não complicar o problema – ele toma da Geometria a aplicação do método, para, a partir dela, aplicá-lo também às outras ciências – mas sim permanecer fiel ao percurso a ser feito.
Assim, muitas críticas podem ser feitas à obra de Descartes. E muitas são feitas de fato. Entretanto, é inegável sua contribuição e seu papel em seu contexto. Se no nosso tempo as críticas devem ser feitas e os modelos refeitos, nas circunstâncias em que viveu Descartes temos que reconhecer o grande valor que teve sua obra.

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-metodo-cartesiano.htm




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